Crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave gera preocupação no país Caixa de entrada
Sintomas como dificuldade para respirar e queda na oxigenação exigem atenção imediata; baixa cobertura vacinal e circulação do vírus influenza contribuem para o avanço da SRAGPublicado em 02/06/2025 as 09:10

Sintomas como dificuldade respiratória, hipotensão e níveis baixos de oxigênio no sangue não devem ser ignorados. Esses sinais estão associados à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), um quadro severo desencadeado por infecções respiratórias, como a gripe ou a Covid-19, que pode evoluir rapidamente para situações críticas. Diferente de resfriados comuns, a SRAG compromete de maneira significativa os pulmões, representando uma ameaça real à vida, principalmente quando o atendimento médico é adiado.
De acordo com o Boletim InfoGripe da Fiocruz, entre os dias 27 de abril e 3 de maio de 2025 (Semana Epidemiológica 18), o Brasil contabilizou 50.090 notificações da síndrome, sendo que 44,4% tiveram confirmação laboratorial para algum vírus respiratório. Entre os agentes mais detectados estão o vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por 40,4% dos casos, seguido pelo rinovírus (27,2%), influenza A (13%) e o Sars-CoV-2 (18,6%).
O infectologista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Matheus Todt, explica que a condição costuma se apresentar de maneira intensa. “Ela provoca principalmente falência respiratória, dificuldade em respirar, redução na saturação e queda da pressão arterial”, detalha o especialista. Ou seja, o pulmão é acometido de forma grave, impedindo o sangue de receber oxigênio suficiente, o que pode levar ao comprometimento de órgãos e à necessidade de internação em UTI.
Aumento expressivo
O país tem vivenciado, nas últimas semanas, uma elevação significativa nos registros de SRAG, motivada principalmente pela circulação de vírus respiratórios no outono, estação que favorece esse tipo de enfermidade. Conforme esclarece Todt, o vírus influenza é o principal responsável pelos quadros atuais, mas o cenário também reflete a baixa taxa de vacinação da população. “Além da questão sazonal, acredita-se que a pouca adesão à vacinação está influenciando esse aumento. A maioria dos casos é provocada pelo vírus da gripe”, pontua.
A SRAG não é uma enfermidade isolada, mas sim uma complicação grave derivada de infecções como a influenza, a Covid-19 e o VSR. O Ministério da Saúde realiza o monitoramento contínuo desses casos por meio da vigilância epidemiológica, essencial para detectar surtos, orientar políticas públicas e preparar o sistema de saúde.
Embora qualquer indivíduo possa apresentar a síndrome, grupos mais vulneráveis como crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas ou sistema imunológico debilitado têm maior risco de desenvolver formas graves. Todt chama atenção para a necessidade de cuidado extra com esses perfis. “As crianças menores de cinco anos, os idosos, pacientes com doenças crônicas sérias, problemas imunológicos e gestantes são os mais suscetíveis. Em tais casos, até uma gripe simples pode evoluir rapidamente para SRAG, o que reforça a importância do diagnóstico precoce”, alerta.
Prevenção e cuidados
Mesmo após o período mais crítico da pandemia, os hábitos recomendados continuam fundamentais. Uso de máscaras, higiene das mãos, evitar aglomerações em ambientes fechados e, principalmente, manter a vacinação em dia são atitudes essenciais para prevenir infecções respiratórias. “Esses vírus são transmitidos pelo ar, por meio de gotículas, então o uso de máscara e higienização das mãos seguem sendo eficazes. A vacinação também é imprescindível, pois tanto a gripe quanto a Covid-19 podem ser prevenidas por imunização”, reforça Todt.
O índice de vacinação contra gripe e Covid-19 ainda está aquém do ideal em diversas regiões brasileiras, o que preocupa os profissionais da saúde. Para o médico, a ausência de uma cobertura adequada influencia diretamente no aumento dos casos. “É bem provável que a baixa cobertura vacinal esteja contribuindo para esse crescimento da SRAG. Se o número de infecções continuar subindo, existe o risco de sobrecarga nas unidades de saúde”, adverte.
Quando buscar ajuda médica?
Nem todo sintoma de gripe exige ida ao hospital, mas, em certos casos, buscar atendimento com rapidez pode ser determinante. Pessoas dos grupos de risco devem procurar avaliação médica ao menor sinal de infecção. Além disso, qualquer indivíduo que apresente falta de ar, sonolência intensa, pressão baixa ou saturação de oxigênio inferior a 95% precisa ser atendido imediatamente. “Esses são sinais de alerta que não podem ser ignorados. O atendimento rápido pode evitar que o quadro se agrave e melhorar a chance de recuperação”, enfatiza o infectologista.
Por fim, é fundamental que os casos de SRAG sejam notificados de forma adequada e dentro do prazo, para que as autoridades de saúde acompanhem a evolução da situação e tomem medidas de contenção. “Com a vigilância ativa, é possível antecipar aumentos nos registros, direcionar campanhas informativas e preparar os serviços de saúde. Com o inverno chegando e o aumento da circulação de vírus, os cuidados devem ser reforçados. Mais do que nunca, informação, prevenção e vacina são nossas melhores defesas contra a Síndrome Respiratória Aguda Grave”, conclui Todt.
Por: Laís Marques
Fonte: Asscom Unit